quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Inovação na Educação

O professor mais popular do mundo
Fonte: Revista Exame

Para um estudante exemplar, dono de dois diplomas do MIT e um de Harvard, Salman Khan tem uma visão supreendentemente pessimista do ensino nas escolas tradicionais: "As aulas são um saco. Metade dos alunos dorme. Eu dormi." Khan, que também é professor, não pode garantir que ninguém pegue no sono durante as aulas que ele dá, afinal não conhece nenhum de seus alunos, não trabalha numa escola, não suja as mãos de giz nem corrige provas. Khan é um professor de YouTube. Ou melhor: ele é o professor superstar do YouTube. Suas 17 000 aulas em vídeo já foram vistas mais de 23 milhões de vezes, em menos de quatro anos. Seu canal tem mais audiência que todos os vídeos combinados de dezenas de professores do MIT.

Khan é o professor mais popular do mundo por acaso. Depois de se formar em Harvard, foi trabalhar como gestor em um fundo hedge de pequeno porte. Na época, Khan ajudava uma prima de 12 anos que tinha dificuldade em matemática. Ela estava em New Orleans, ele, em Boston. Chegou a criar um software de exercícios, mas depois descobriu que a melhor solução seria gravar vídeos e colocá-los no YouTube. No começo, os alunos eram outros parentes. Em um mês, chegaram os primeiros e-mails de agradecimento de estranhos. Os vídeos começaram a ser vistos centenas, depois milhares de vezes. Em 2009, abandonou o emprego para dedicar-se integralmente ao que batizou de Khan Academy.

O forte ainda é a matemática, mas já há aulas de biologia, química, física e finanças. Os vídeos são rudimentares. Khan grava tudo num pequeno estúdio e ele nunca aparece nos vídeos. Ouve-se apenas sua voz, e na tela preta vão surgindo os traços que ele desenha numa prancheta conectada a seu computador. Apesar dos poucos recursos tecnológicos, o entusiasmo da narração, seja ela sobre a crise de crédito ou um conceito de trigonometria, é percebido imediatamente. Khan é um professor apaixonado. As aulas são curtas: têm entre 10 e 15 minutos, e os temas são sempre bem específicos.

Por intermédio de uma parceria com a ONG World Possible, as aulas da Khan Academy já foram levadas para Etiópia, Serra Leoa, Uganda, Nepal, Índia e Equador. Ele ficou sem salário durante quase um ano e sempre resistiu à venda de publicidade. Mas a iniciativa logo chamou a atenção de gente disposta a contribuir para manter a ideia viva. A Khan Academy recebeu 350 000 dólares em doações de indivíduos. No final de setembro, foi escolhida uma das cinco vencedoras do projeto 10100, um concurso realizado pelo Google que teve mais de 150 000 inscrições de 170 países. O prêmio de 2 milhões de dólares será usado para traduzir as aulas para outras línguas, entre elas o português, diz Khan.

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