quinta-feira, 18 de março de 2010

Inovação x Tradição: Onde deve parar a tradição para iniciar a inovação?

Após 5 dias na França é impossível para uma pessoa de Inovação não questionar a tradição a favor da Inovação. A cada esquina de Paris só se vê história, tudo lindo! Às margens do Rio Sena estão os monumentos mais lindos e que fazem parte da história mundial. Igreja Notre Dame, La Conciergerie, Saint Chapelle, Place dês Voges e a Torre Eiffel, como alguns dos exemplos.
Para uma cidade e um país que dependem do turismo – e isto inclui a tradição, a história e o passado – onde deveria estar o questionamento sobre o novo? As comidas, o metrô, a língua... tudo persiste por anos. E os franceses mais velhos insistem em não falar outra língua que não a sua. Nem o espanhol ou o inglês, mais mundialmente difundidos.
É claro, aqui não reside uma apologia ao esquecimento da história! Mas em algumas questões a França simplesmente não quer mudar. Como este país será em 100 anos? Eu me arrisco a dizer que será exatamente igual. Com pequenas diferenças: as lojas da Champs Elysees deverão ser as lojas da moda em 100 anos. Até o McDonald’s francês é menos americanizado que de outros países, como o do Brasil. Parece que a cultura procura resistir aos novos tempos.
Imagina falar em uma empresa francesa que ela deve inovar. Se em uma empresa brasileira isto já constitui um desafio – e a cultura brasileira se adapta facilmente às diferentes situações, imagina em um cultura que o novo não está no dia-a-dia.
E se aqui se permite um paralelo bem grosseiro, vamos pensar que a eficiência de um país é diretamente proporcional à sua capacidade de inovar. O trânsito de Paris é lento, para almoçar nunca será menos que 90 minutos, quem não fala francês muitas vezes terá que se comunicar por mímicas, as lojas de ruas famosas (em um fim de semana que a cidade está cheia) ficam fechadas aos domingos. São Paulo, Nova York são cidades um pouco mais atentas a estes detalhes e talvez às oportunidades.
Nunca fiz negócios com os franceses e acho que temos que respeitar as particularidades de cada cultura, mas não consigo imaginar o presidente de uma multinacional francesa requisitando aos seus funcionários que sejam inovadores.

Um comentário:

  1. Acredito que não só a França, mas toda a Europa tem como característica esse excesso de tradicionalismo e conservadorismo. Talvez a Alemanha não tenha tanto... Um conceito muito importante quando falamos de inovação é o de ORTODOXIAS. Ortodoxia pode ser definida de forma bem simplista e sintética como uma característica da empresa ou do negócio que foi essencial para gerar o crescimento durante anos, mas que começa a ficar ultrapassada e pode ser a causadora da morte da empresa e de seu declínio. Acho que o núcleo da crise econômica da Europa é justamente esse: os países continuam se apegando a uma história muito forte que trouxe muitas coisas boas e desenvolvimento para os países europeus, porém, na minha opinião, parece que eles não estão conseguindo enxergar que não dá para ficar vivendo eternamente do passado e de uma história que já acabou. A Europa precisa olhar para frente, buscar uma nova premissa de desenvolvimento e começar a criar o seu diferencial do futuro.

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