quinta-feira, 25 de março de 2010

Negócios sociais

Na semana passada fiz uma entrevista com o empreendedor Henrique Bussacos, fundador da Tekoha – uma organização criada para promover a geração de renda em comunidades e grupos produtivos. A Tekoha é especialista em criar "pontes" entre comunidades e mercado por meio da comercialização de brindes sustentáveis no mercado corporativo e exportação de alguns produtos para a Europa.

A organização existe há 3 anos e nos últimos 18 meses tem atuado como uma empresa social.

Alguns números sobre o negócio:
- Faturamento de R$130 mil em 2009 (crescimento de 140% sobre 2008)
- Geração de R$67 mil em renda direta em 2009 (crescimento de 130% sobre 2008)
- Em 2009 teve lucro pela 1ª vez .

Flávia Albo: Qual a diferença entre uma ONG tradicional e um negócio social?

Henrique Bussacos: Uma associação sem fins lucrativos depende basicamente de doações para prestar seu serviço à sociedade. Um negócio social é criado com um propósito que poderia ser de uma associação, mas com um modelo de negócio que seja viável financeiramente, permitindo a captação de investimentos para rodar uma operação lucrativa e que gera benefício social e/ou ambiental.

FA: Como é tratado o lucro em um negócio social?

HB: O lucro em um negócio social é meio e não fim. Vemos a operação lucrativa como uma forma de servir mais e melhor à sociedade. Acredito que todos os negócios deveriam ter o lucro como meio de servir. O lucro como fim no meu ponto de vista é uma distorção.

FA: Qual o principal desafio você enfrentou nesses últimos anos?

HB: O desafio de criar a Tekoha foi grande, pois além de criarmos uma nova organização, somos pioneiros de um novo "setor" no Brasil: as empresas sociais. Experimentamos diferentes canais comerciais: loja online, quiosque em shopping, varejo em lojas até chegarmos no foco atual: brindes corporativos sustentáveis e exportação. Com isso, aprendemos muito, quase morremos e demos a volta por cima no 2º semestre de 2009.

FA: Quais as competências que um empreendedor de negócios sociais deve ter?

HB: O empreendedor de negócios sociais precisa integrar as características de um empreendedor social (associações sem fins lucrativos) e de um empreendedor de negócios (empresas), pois não podemos perder de vista que nosso foco é melhorar a qualidade de vida das pessoas (principalmente de baixa renda) e nem descuidar do modelo de negócio para ele ser lucrativo e duradouro.

FA: Além da Tekoha, você também é sócio do Ekoa Café e do The Hub. Como o fato de ter negócios diferentes entre si pode ajudar?

HB: Tenho papéis claros nos três negócios que sou sócio (Tekoha, Ekoa Café e The Hub). Isso possibilita que eu encontre sinergias entre os negócios. No entanto, acho imprescindível que um dos sócios se dedique integralmente ao empreendimento.

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